Produtores independentes de eletricidade (IPP) serão responsáveis por 86% da expansão da matriz energética brasileira até 2026. Saiba mais
Energia solar e eólica lideram expansão da matriz energética brasileira. Fonte: Freepik
O mercado brasileiro de eletricidade deve crescer cerca de 3,5% ao ano até 2027, impulsionado pelas fontes renováveis de energia como energia eólica, solar e bioenergia. Tal crescimento se justifica principalmente pelo Acordo de Paris, em que o Brasil se compromete em reduzir, até 2030, 43% das emissões de gases do efeito estufa na atmosfera. Soma-se ainda a esse fator a busca das empresas pela redução do consumo de energia elétrica, pelo desenvolvimento sustentável e pela maior eficiência operacional com o uso de energias renováveis.
Nesse contexto, surgem figuras de grande importância para a expansão e diversificação da matriz energética brasileira: os produtores independentes de eletricidade (IPP). De acordo com a ABRACEEL (Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia), esses agentes serão responsáveis por 83% da expansão da energia elétrica sustentável no Brasil até 2026.
Quem são os produtores independentes de eletricidade?
De acordo com a Lei nº 9.074/1995, produtores independentes de eletricidade são pessoas jurídicas ou consórcio de empresas com concessão ou autorização para produzir energia elétrica por contra própria, para posterior comercialização no mercado livre de energia.
Trata-se, portanto, da produção descentralizada de eletricidade, feita a partir de pequenos produtores e, maioritariamente, por meio de fontes de energias renováveis, como a energia solar, eólica e biomassa. Tal forma possibilita a entrada de investidores, expande a produção de energia sustentável e contribui para a diversificação da matriz energética brasileira por meio dos recursos energéticos distribuídos (RED).
Essa forma de produzir energia elétrica facilita o acesso da população a uma energia sustentável, limpa e barata, pois geralmente é feita em grandes espaços, localizados perto dos centros de consumo. Dessa maneira, é possível reduzir custos com perdas energéticas, decorrentes do processo de distribuição e transmissão e com custos ambientais relacionados à atividade.
O resultado é a venda de energia elétrica a preços competitivos ao consumidor, bem como a possibilidade de personalização de planos que atendam às suas necessidades.
Energia solar e eólica lideram expansão da matriz energética brasileira
Até 2026, a estimativa é que o Brasil conte com mais 45 GW de energia elétrica centralizada. Deste total, 83% têm participação de empresas participantes do mercado livre de energia, o que representa um investimento de R$ 150 bilhões.
Entre as fontes de energias renováveis, a solar e a eólica somam a maior participação, com 97% e 86%, respectivamente. A geração de energia através da biomassa assume a terceira posição no ranking, com 61% de participação.
Entendendo o mercado de geração distribuída de energia
Muito se fala do mercado de geração distribuída de energia (GD) e dos seus vários participantes, mas quais seriam eles? E qual é a função de cada um nesse mercado? Embora tenham algo em comum, que é a produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis, a atuação de cada um é diferente. São eles:
Autoprodutor de energia elétrica
O autoprodutor gera a sua energia a partir de tecnologias que transformam a luz e o calor do sol (energia solar), a força dos ventos (energia eólica) ou a queima de matéria orgânica (biomassa) em energia elétrica. Porém, o autoprodutor possui autorização e concessão para produzir eletricidade apenas para o seu próprio uso.
Na prática, o autoprodutor de energia é o próprio usuário final do produto. Ou seja, esse é um regime de geração distribuída, também aplicável a pessoas físicas.
Produtores independentes de energia elétrica
Já os produtores independentes de eletricidade, conforme pontuamos anteriormente, são empresas ou consórcios de empresas que recebem autorização ou concessão para produzirem energia elétrica por conta própria.
A grande diferença aqui é que, geralmente, essa geração de energia se dá em grande quantidade e é realizada em fazendas solares ou parques eólicos. Posteriormente, toda a eletricidade gerada é comercializada no mercado livre de energia, aos consumidores interessados em uma energia barata, limpa e sustentável.
Mercado Livre de Energia
Se você chegou até aqui pensando no Marketplace de mesmo nome, saiba que o Mercado Livre de Energia não recebeu esse nome por acaso. Afinal, trata-se de um ambiente em que os produtores independentes e os consumidores podem negociar energia elétrica livremente, gerando mais competitividade e redução de preços significativa.
Contudo, antes de contratar é preciso estar atento. O consumo mínimo de energia deve ser de 500 kW. Sendo assim, é preciso ter uma empresa (comércio ou indústria). Ou então, reunir várias unidades consumidoras interessadas em realizar a transição energética, ou seja, a migração de um sistema gerador não sustentável e/ou não renovável para um sistema gerador sustentável, renovável e limpo.
Benefícios da geração distribuída de energia
Além da redução com os custos de conta de luz, a geração distribuída por meio da energia fotovoltaica ou através da energia eólica oferece ainda outros benefícios aos consumidores e à sociedade de maneira geral, a saber:
- Poder de escolha: é possível contratar planos de energia de acordo com o perfil do consumidor;
- Geração de empregos: a geração distribuída de energia contribui para uma sociedade mais justa e igualitária, gerando empregos e arrecadando anualmente mais de R$ 4 bilhões para os cofres públicos;
- Maior previsibilidade de custos: o consumidor final de energia sabe o quanto vai economizar por mês;
- Incentivos governamentais para gerar a própria energia: financiamento para micro e pequenas empresas para aquisição de equipamentos;
- Sem tarifas extras na conta de luz: com a geração distribuída de energia solar, o consumidor não fica a mercê das bandeiras tarifárias das concessionárias de energia elétrica;
- Energia acessível: além de oferecer uma energia mais barata, a geração distribuída também possibilita o acesso do produtor rural ao sistema;
- Compromisso com a sustentabilidade ambiental;
- Mais eficiência energética e operacional para as empresas.
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